Fernanda Pietra

Expressamos na escrita, o que possuímos na alma.

Meu Diário
29/05/2017 17h35
DEPRESSÃO

     Ando procurando um sentido para tudo que ando sentindo. Principalmente por ser sentimentos reachados de saudade. As pessoas que são importantes acabam partindo de uma forma ou de outra, e as que vêm para ocupar o lugar, isso no profissional, confesso, não são tão agradáveis.



     Imagino dias ensolarados, com céu azul a ser cenário dos meus dias. Mas quando acordo, muitas vezes, sinto a depressão tomar conta dos meus momentos mais preciosos. Canso de tomar remédios. Canso da monotonia depressiva e por mais que queira, parece que sou vencida pela fadiga. Meu corpo doi.



     Imagino minha cama durante o dia; faço um esforço descomunal para sobreviver a ela. Sinto falta de conversa, de alegria, e de tudo que um dia acreditei ter. A saudade é um sentimento que anda corroendo minha mente, meu sentir, meus dias.



     Uma falta, uma lacuna, um monte de seres chatos habitando meu habiat e preciso exercer o dom da paciência, ainda que isso me custe ter surtos esporádicos. Já não dou mais aulas, aliás, termo idiota dar aulas, como se professor fosse um ser obrigado a ser pobre, sempre dando e mendigando sua valorização. Cansei já faz tempo.



 



Publicado por Fernanda Pietra em 29/05/2017 às 17h35
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13/08/2014 16h52
FALANDO DE AMIGOS

 

Tenho grandes amigos, de longas datas. Visitando minha ex escola, tive uma sensação esquisita.  Parecia mergulhar no passado de minhas lembranças. Isso mesmo, passado de minhas lembranças.

Vi minha juventude num rastro de pólvora em meus pensamentos. Lembrei das confidências trocadas com amigas, no período noturno enquanto esperava para fazer conselho de classe.   Lembrei da ansiedade de resolver minha vida pessoal, e o quanto idealizei  o amor. O quanto desejei esse amor. É triste quando olhamos para nós mesmos, e se percebe que a vida passou pela gente, e não foi vivida. Fiquei a maior parte do tempo nas minhas idealizações e de concreto mesmo , nada. Deixei a vida passar, pois não vivi o presente, enquanto presente. Vivi num futuro que só havia em minha mente.

Mas no meio disso tudo, convivi com pessoas que me marcaram profundamente. Suportei dar aula durante tanto tempo devido a convivência com essas pessoas.  Ora de maneira afetiva, ora conflituosa, o fato é que éramos um time, uma equipe, um elenco. E quando parti, deixei para traz  esse conforto emocional e que tanto apaziguava minha alma.  Foram bons anos, e que em meu íntimo queria que nunca terminasse.

E para meu desespero, quem precisava chutar o pau da barraca para ir adiante, era eu, pois precisamos sobreviver de alguma forma, seria eu. E assim foi. Saio da escola, onde permaneci praticamente dezenove anos.  e como fazer,  me despedir, virar a costa e ir embora ? tudo isso me assombrou por um anos, ano que desejei que nunca terminasse para não ter que tomar a decisão. Até que chegou o dia, momento para mim dramático, gostem ou não. Foi um drama em minha vida sim.

Escrevo tudo isso agora por conta de olhar ao redor e sentir uma “solidão de amigos”. Tenho outros amigos. E de repente, a gente só está reunido nas páginas das redes sociais, onde estamos lado a lado e não nos falamos, não nos tocamos, não interagimos. Estamos juntos e separados, quando estivemos “ juntos e misturados”. Então observo e e bate um vazio, uma saudade que não tem por onde terminar, e confesso, não sei conviver com isso. Não há um dia em que meus amigos não estejam em meus pensamentos e a eles envio energias de amor, carinho, afeto e gratidão. Gratidão por terem feito minhas manhãs, tardes e noites alegres, quando provavelmente, nenhum deles imaginem isso.

Nas redes sociais a gente permanece, mas não tem a convivência e o tempo vai distanciando as pessoas, e inevitavelmente, seremos uma lembrança vista pelo retrovisor a ficar  distante e menor. E não vou deixar de falar, que não sei lidar com tudo isso, sei apenas o que  vai em meu coração que acaba derramando todo dia uma lágrima de saudade.  Minha vida hoje está melhor, graças Deus, mas existe uma lacuna, várias lacunas, cada uma com um nome, que segue junto comigo. Definitivamente, não sei lidar com perdas, separações e meu sentimento sempre foi senhor dos meus atos. Só sei amar exageradamente, e sentir, também.

 


Publicado por Fernanda Pietra em 13/08/2014 às 16h52
 
30/12/2013 01h08
Renascendo

Esse meu diário, anuário, não sei especificar. Mas retrata momentos marcantes e pretendo, ser mais assídua com ele.

O fato é que depois da morte da minha tia, meu transtorno bipolar ficou mais esquisito ainda. As oscilaloções de relativa alegria e depressão estão cada vez mais intensas e menos espaçadas.

Dentro de mim há lacunas, saudade, lembranças. Essas me atordoam por vezes. 

Sinto saudade da escola que eu trabalhei, mas é engraçado, pois na verdade é saudade da escola que eu idealizei. A real, foi um tanto quanto cruel. 

Depositei expectativas naquele serviço, esperei das pessoas e cobrei muito de mim. Resultado, com o perdão da palavra: me fodi. Minha saúde foi ficando cada vez mais frágil e sinceramente hoje, não sei qual será meu rumo.

Aí, em seguida, a Zizi faleceu e sei que a pessoa que eu era, deixou de existir no momento que ela partiu, e estou tentando entender a pessoa que está nascendo agora. Assusta, pois reque que eu reaprenda a viver, sem ela que esteve comigo por quase quarenta e três anos.

Renascer das minhas cinzas , esse é o meu maior desafio agora.

 


Publicado por Fernanda Pietra em 30/12/2013 às 01h08
 
23/08/2011 11h16
FALANDO DE SAUDADE

 

 

Da última vez que postei algo aqui neste espaço, minha tia estava viva, eu trabalhava em duas escolas. Hoje ela é falecida, saí de um emprego e ver que ela não está mais na convivência material, por vezes é doloroso. Estou tentando aprender a conviver com a ausência física dela, pois sei que em algum lugar ela está e me vê. Eu a sinto.

Quando saí da escola em que trabalhava, parecia que o mundo estava desabando em minha cabeça. Foi muito doloroso, mas eu não imaginava que no ano de 2010 eu sentiria uma dor maior que foi a partida da Zizi. Assim eu chamava minha tia. A escola por si, a partida, deixou de ser importante para cair no vazio. Então me pergunto sobre a relatividade da dor, do quanto é passageira, quando não atinge alguém que tanto amamos.

Deixei amigos lá, e de lá eles também partiram. Quase todos se exoneraram como eu, e foram buscar melhores condições de sobrevivência. No meu caso, não suportava mais as ridículas exigências que nivelavam e ainda nivelam o aluno num patamar medíocre.

Aqui quero registrar que é estranho ver as pessoas que conviveram dia a dia em fotos nas redes sociais. Estamos todos juntos, porém somos uma imagem virtual, numa comunicação virtual; sendo que nos aniversários nos cumprimentamos e momentaneamente temos a impressão de sermos uma equipe,  um grupo unido. Mas logo em seguida, vejo que estou apenas numa rede social.

O ponto principal deste texto é a saudade. Saudade de quem partiu,  e levou consigo uma parte da minha vida pois vivi até então a vida toda com a Zi. Saudade de um lugar que optei por deixar, pois minha saúde ia se acabar. Mesmo sentimento, com sentir diferente.  Começar uma vida sem ela é estranho. Continuar a trabalhar na Educação em outro espaço é gratificante. E ontem quando estava  testando alguns aplicativos no IPod, acabei por escrever uma frase, baseada  na fala de Vinícius de Mores , onde tento demostrar o que se passa em meu íntimo nesse momento: A SAUDADE MARCA MEUS DIAS, QUANDO PERCEBO QUE ELA SERÁ INFINITA ENQUANTO EU DURE.


Publicado por Fernanda Pietra em 23/08/2011 às 11h16
 
01/10/2008 22h08
JOGUEI A TOALHA

Querido leitor, que ao procurar um diário, encontra um texto esporádico, vai aqui uma confissão: o texto que escrevia ha dois anos ALUNOS QUE ENSINAM foi uma das melhores expressões que tive na profissão de professora.
O fato é que cansei. Cansei das mães que querem que eu seja babá de seus filhos, sem se preocupar se eles estão aprendendo ou não,; cansei de ouvir pais dizendo que sou eu ( entenda-se nós, professores ) que devemos ensinar seus filhos a dizer " muito obrigado ",  "por favor ", com licença " e outras coisas do tipo. Descobri que luto com ventiladores fixados na parede e não tenho nenhum fiel escudeiro a me acompanhar. 
Minha caminhada é solitária e minha voz um sussuro nesta multidão enlouquecida, com medo de dizer "não" aos seu pimpolhos.
Certa vez em uma reunião de pais, uma mãe  perguntou
 se era verdade que iria pendurar os alunos no teto, pois havia dito a um cidadão que não tinha mais onde encontrar lugar para que ele se sentasse. Motivo ? " quase não fazia bagunça", porque uma aluna estava com medo e coisas do tipo. Eram crianças de quarta série  e quase todos, agora percebi entenderam a metáfora. Jamais penduraria um aluno no teto, pois não sou nazista, castrista ou qualquer outra coisa que o valha. Mas... a mamãe não perguntou em momento algum como estava a aprendizagem de seu filho, quais foram suas evoluções, no que poderia ajudá-lo. tive de explicar que minha metáfora era algo como  ' falar pelos cotovelos" e perguntei-lhe se cotovelos falam. Parece que entendeu.
Não bastasse o surto de mediocridade, vem o surto da violência nas escolas. Sinto muito, se o Brasil tem uma dívida social que vem desde sua posse por Portugal, mas o fato é que está insuportável conviver com uma sociedade com pensamento míope, deturpado, que espera tudo do Estado: material, uniforme, leite, sapatos, meias, cadernos...
Esses cidadãos continuarão a depender dessas benesses, pois não terão qualificação profissional para ganhar o pão de cada dia e esperará sempre a esmola do Estado, dos vizinhos, dos parentes. 
Sou apenas alguém que cansou de tudo isso e digo que escola é lugar de aprender. Cansei de pseudos cientistas nas área da pedagogia. Temos que ser profissionais, não esquecendo o ser humano, mas valorizando a profissão. Ninguém dá aula, vendemos mão de obra, conhecimento e também boas maneiras. E como tanto quero ser valorizada por isso. Sou professora sim, não sou saco de pancada de aluno, mãe de aluno ou de qualquer agente agressor. Escola é para se aprender, não é um clube em que crianças e adolescentes se reunem para beber, fumar ou coisas que o valham. 
Se você, querido leitor, não concorda, desculpe-me, mas estou valendo-me do direito de livre expressão, para colocar-me como profissional, mulher e cidadã, pois não há lei nenhuma que proteja a profissão na qual trabalho.
Joguei a toalha e quero ser profissional, independente do imaginário  da comunidade. 

Fernanda Pietra


Publicado por Fernanda Pietra em 01/10/2008 às 22h08



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