A REUNIÃO QUE ENGOLIU A MANHÃ
Manhã. O dia estava lindo. Sol, uma leve brisa, verão. A beleza só começa ser quebrada quando me vejo diante de uma reunião de trabalho. O problema não é a reunião, não é o trabalho, mas... as pessoas que participam da reunião ! trabalho em duas escolas e numa delas, onde a bendita aconteceu, o tédio começa a tomar conta do meu ser. Não é o falar de como organizar a escola, cumprir com os deveres burocráticos que toda repartição pública tem, mas... são os egos inflamados por um saber que deixa de ser saber quando quer ser absoluto. As pessoas acreditam nas suas verdades como algo inquestionável, como se seus métodos fossem perfeitos e que há apenas um caminho a ser trilhado. Minha mente começa a ficar atordoada com vozes agudas de colegas travando um embate subliminar de idéias redundantes. Ficamos por volta de uns quarenta minutos discutindo uma frase. Coloca "garante", "garantido", "garantir", "tira o lúdico", "deixa o lúdico"... e o tempo passando, numa discussão estéril onde quem já foi chefe querendo testar quem hoje é. Minha cabeça começa a ferver e uma louca vontade de dar um basta naquilo toma conta do meu ser, mas... eu precisava ser diplomática para respeitar os dinossauros do saber. São quase 25 mulheres na sala, uma chefe para coordenar e uma descoordenada, porque já foi chefe eu pouco ouvi sua voz numa reunião. Ufa ! O tempo escorria pelas vozes exageradas de razão. O que me entediou foi o máximo da chatice, é assim, não é assado eu controlando a minha íntima e infinita vontade de mandarem que se calassem, não aguentava ouvir aquela voz aguda da descoordenada em meus ouvidos falando o que bem entendia. Não aguentei, e disse o que pensava. Onde estávamos, não se trata de um lugar para se concluir uma alfabetização, mas sim dar condições para tanto, até que me provem o contrário ou que alguma ordem nesse sentido chegue. Falei isso, os egos irritados não gostaram, mas eu já não gostava de ter tido a minha manhã ensolarada, estragada por vozes e idéias que não acrescntaram nada em minha vida profissional. Quer saber, cansei delas, cansei das pessoas e o convívio com adultos, faz com que a vida torne-se um rio poluído
Fernanda Pietra
Enviado por Fernanda Pietra em 03/02/2009