DESABAFO DE UMA PROFESSORA
Há uma tentativa em mim
De aceitar a ignorância
e crer que de alguma forma,
Posso mudá-la.
Há um sentimento impotente em mim,
Quando me deparo com a pobreza das mentes
Sendo esta pior que a material.
Há uma revolta que não cala,
quando vejo crianças, cada vez mais sem famílias
Sendo que aquelas as jogam no mundo
E esperam que ele as crie.
Há um cansaço demasiado em mim
quando meu aluno falta, e as desculpas
São sempre as mesmas, perdi a hora,
O relógio ou o celular não despertou
Fui dormir tarde...
Há ainda, um sentimento de vazio
quando a atividade preparada volta suja
Se é que volta, sendo que muitas vezes,
a vejo pisoteada, e as marcas vão para minha mente e coração.
Há támbem em mim,a descrença de tantas teorias
Sendo que o brasileiro caminha a pasos minúsculos
Cerveja, futebol, bundas na tv, carnaval
E músicas do tipo "Créu"
Sendo que o créu quem vai levar
São essas crianças, sem pais, sem famílias.
é aquela história de solidão acompanhada
No caso, famílias avulsas: meu filho
Seu filho, nossos filhos, meu filho com fulano
Meu filho com beltrano...
No final das contas, sou eu quem tem de educar
de ensinar a pedir licença, a pedir por fafor
A dizer obrigado
e cumprir com a função primordial
De causar conflitos cognitivos para que aprenda a:
Ler, escrever, interpretar textos, e desenvolver habiidades...
Sou professora, sim, mas não dá para ensinar
Quem não quer aprender, essa é a realidade
Há falta de limite, há muito palpite,
hà pouca ação.
O que mais quero,é trabalhar ,
Poder ensinar, não quero aluno genial
quero apenas, a simplicidade da criança
Cumprir com meu dever
Trabalhar para a cidadania
Acabar, dentro dos meus limites
com a mediocridade que desmorana o Brasil